quarta-feira, 1 de julho de 2009

Voltandoooooooo

Então negada. Foi mals ai meu sumiço. Como falei pro Tuti ali nos comentários do post passado (é uma pena que normalmente quem entra e mete o pau no blog não costuma voltar, pq eu ia achar simpático que ele lesse minha resposta), andei correndo por ai com os sátiros, e se é difícil vc encontrar a chave de casa na bolsa depois da bebedeira, imagina só o quanto pode ser complexo achar a senha de um blog e o seu cérebro que saiu dando pulinhos até a Índia.

O fato é que eu apesar de tudo, encano muito fácil. E fiquei uns meses ai pensando em como continuar o blog. Se eu devia seguir temas, ou fazer o que me desse na telha. Como deveria funcionar o ritmo de postagem. Andei pensando em tudo isso. Porque acho que este blog merece atenção.

Decidi que não vou seguir uma ordem (e vou deixar vcs esperando ao continuação da história de Ísis, rs). E não vou só contar os mitos longos - vou pegar as coisas curtinhas também. Tem tanto mito que chegou para gente na versão twitter...


Então, vou abrir as janelas e ligar os ventiladores para tirar a poeira dos móveis, deixar uma vodka para Hermes na entrada e voltar a recontar os mitos. =)

enjoy.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A história da criação - Egípcios - parte um

Se tem uma coisa que existe em comum com o jeito como os helenos contavam a criação do mundo e os egípcios contavam a criação do mundo, é que a primeira coisa sensciente é algo que a gente não tem muita certeza se é macho, fêmea, ou o quê ou ambos ao mesmo tempo. Cara, você é um deus primordial – o gênero ainda não foi inventado, quem se importa?

Nun é essa coisa antes das coisas acontecerem, a água primordial de onde tudo vem. Nun não é o Nilo, vale lembrar. Mas se a gente fosse levar em consideração aquele comecinho de outro mito de criação - “e o espírito de deus pairava sobre as águas”, Nun é essa água toda que veio de não se sabe onde. E Nun, no auge da falta do que fazer, botou um ovo. E desse ovo dourado nasceu Ra (ou Re. Ou Aton. Ou Khepera. Ou outro dos trocentos nomes dele.).

Ra era poderoso. Poderoso para caralho. Qualquer coisa que Ra dizia, passava a existir. Ele foi falando os nomes das coisas e as coisas foram surgiram. E lembra o que eu disse no outro mito? Que o que mais os deuses gostam de fazer é ter filhos? Pois é! Advinha o que Ra foi fazer quando descobriu esse poder? Ele criou Shu, o vento. Tefnut, a umidade. Geb, a terra. Nut, o céu. E Hapi, o rio Nilo. E mais uma galerinha. E eles tiveram mais algumas dúzias de filhos.

O que deixava todos os filhos e netos de Ra no cagaço era o fato de que esse poder todo dele vinha dos nomes. E Ra tinha um nome secreto – um nome que ninguém conhecia e que deixava ele mais poderoso do que todo mundo. Ele podia descriar o mundo se tivesse vontade. Pior que destruir, descriar. E nem o capeta (que também não tinha sido ainda inventado) conseguiu arrancar de Ra qual era o nome secreto dele.

Mas só ter filhos e criar o mundo começou a deixar Ra entediado. E ele viu aquelas formiguinhas que ele tinha chamado de humanidade se matando lá no meio do deserto, com a infinita capacidade humana de fazer merda, e já que estava um tédio enorme no meio dos outros deuses, ele teve a genial idéia de ir ajudar a humanidade. Então, ele tomou uma forma humana e foi ser o primeiro faraó.

Por algumas centenas de anos, foi tudo muito bom, tudo muito bem. Só que Ra quando tomou uma forma humana ganhou de brinde o envelhecimento – e acabou que ele foi ficando mesmo velho. Veeeeelho. Ai, os egípcios olharam aquilo e começaram a achar que Ra estava ficando café com leite. Meu, quem em sã consciência confia num velho governando um país? Já disse sabiamente um velho (agora esqueci quem foi) “velho só serve para feder”. Eles só esqueceram que Ra não era um velho comum - era Ra, catso. Acharam que Ra estando velho eles podiam cagar no pau a vontade e foi aquele surubão. Mandaram as leis para as picas e viraram um bando de arruaceiros urbanos.

Ra ficou fudido da vida com aquilo. Convocou uma reunião com todos os deuses, e falou o seguinte: “Esse bando de corno que eu criei para povar a terra tão de putaria comigo. Ou vocês me dão outra idéia ou não vai sobrar um desses putos para contar a história.”

Ai Nun, que era o mais malandro velho, já mandou uns dois para cozinha fazer pipoca e trazer a cerveja. “Seguinte, Ra. Manda Sekhmet dar um jeito na negada.”

E os olhos dos outros deuses brilharam de emoção. “éééé, manda a leoa!”

Ra que já estava num mal humor daqueles olhou para a humanidade e só deu gente correndo para todo lado. Ai, do olho dele pulou Sekhmet. Sekhmet é uma deusa muito gentil. Ela primeiro te estripa e depois te pergunta. A bicha é sem noção master – ela quer ver é sangue, ela quer é fatiar gente, ela quer guerra, matança, destruição. Sekhmet joga dama com Ares no fim de semana, manja?

Ai, Ra e os outros deuses sentaram, pegaram a pipoca que Nun sabiamente tinha mandado fazer, abriram uns jarros de cerveja e ficaram assistindo enquanto a deusa leoa era a primeira Super Nanny da história.

Sekhmet fazia com as pessoas o que o Juicer Walita faz com uma mandioca. E bebia o suco. Ela testou todas as lâminas do processador de alimentos para ter mais maneiras criativas de picar seres humanos. A coisa foi tão pesada que começou a rarear a raça humana – o segundo nome da leoa é Eficiência, não ia sobrar um ser humano se ela continuasse. Depois de algumas semanas (e da pipoca ter acabado), Ra começou a ficar com pena da humanidade.

Ai ele descobriu que Sekhmet era pior que o Taz. Não parava nem com paulada na cabeça.

Ra respirou fundo, foi para a terra e armou o primeiro golpe de Boa Noite Cinderela da história. Mandou os mensageiros irem na moquia até Elephantine, uma cidade no alto do Nilo, buscar uma tinta vermelha bacanuda que se chama ocra (ou ocre). E ai convocou a mulherada de Heliopolis (e eu não tou falando da favela) e mandou fazer cerveja até o último grão de cevada que tivesse na cidade.

E então, ele misturou a tinta vermelha – que tem cor de sangue- em SETECENTOS jarros de cerveja. Vamos lá, a caixa alta não é a toa. Eu falei SETECENTOS jarros de cerveja. Não são garrafas de 600 ml, são jarros. “É cerveja pa porra” diria um sábio amigo meu.

E em um ato de sacanagem extrema (ainda que por uma boa causa), Ra colocou aquela obcenidade de cerveja bem no meio do caminho que Sekhmet ia fazer para matar mais humanos.

Imagina a leoa saltitando em seu caminho feito a chapeuzinho vermelho no bosque quando ela encontra aquele mundaréu de jarros. 700 jarros. E ela olha o primeiro – vermelhinho, vermelhinho. E ela mergulha o dedo – e parece mesmo sangue. E meeeu, estamos falando de alguém que adora beber sangue. Sekhmet sorriu, e virou o primeiro jarro. Fez aquela carinha de gato que encontrou salmão em cima da pia e virou o segundo. Lá pelo quinquagésimo jarro, ela já estava alta. O mundo era mais colorido, as pessoas eram mais simpáticas, o chão estava começando a dar sinais de vida...

Trezentos jarros depois, a gatinha já estava chamando Jesus de Genésio, Osíris de Osama, e Ra de Steve Wonder.

Depois de matar o último jarro ( o que fez a leoa receber os cumprimentos de Thor via telegrama por beber feito gente grande), ela foi daquele jeito para casa de Ra. Ra já foi acenando a bandeira branca e um engov. “Tá boazinha tá, fia?” A lenda não conta como foi que Ra conseguiu limpar a sujeira que ela fez depois de chegar daquele jeito nem quantos ml de glicose ela precisou tomar no hospital. Mas depois disso, Sekhmet sossegou de ficar matando gente e passou a se dedicar aos prazeres etílicos.

E Ra ainda estava em forma humana – e continuava envelhecendo. Mas isso eu conto depois porque a história é loooonga... No próximo capítulo, a disputa: quem é mais malaca? Ra ou Ísis?








imagem: http://hbruton.deviantart.com/


segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

No princípio, segundo Titio Hesíodo

No princípio era o Caos. E como todo mundo sabe, o Caos é uma zona, então eu não posso explicar se o Caos era macho, fêmea, ou o quê, mas minha aposta é para "ou o quê". E enquanto Caos estava lá parado sem fazer xongas, se deu conta de que não estava sozinho. Outras três forças primordiais estavam lá paradas sem fazer coisa nenhuma.

Uma era Gaia. Gaia é a Terra, E Tio Hesíodo chama Gaia de "sede irresvalável de todos os seres", quer dizer, é ao mesmo tempo a Casa da Mãe Joana e a própria Mãe Joana de todos nós. Gaia é aquela Deusa que cuida de todo mundo, de todas as formas (exceto quando decide castrar alguém ou cometer um assassinato, mas isso fica para outra hora). A gente faz as merdas que for e Gaia releva e protege a gente de tomar esporro.

Outro era o Tártaro. Lembra aquela musiquinha infantil que começava com "hoje é domingo, pede cachimbo?". Lembra que o final é assim: "cai no buraco, o buraco é fundo, acabou-se o mundo!" Então. esse é o Tártaro. Um buraco fundo para caralho visto que uma bigorna de bronze leva 9 dias e 9 noites caindo sem chegar no fundo do Tártaro.

E por fim, mas sem ter nascido um segundo depois, estava Eros. Esquece o gordinho fofinho filho de Afrodite, tá. Estamos falando de Eros, a força primordial, o monstro temido por homens e Deuses. Quando Afrodite nasce, Eros pira na mulher e passa a seguir Ela e trabalhar junto, mas sem libido não existe criação, e Eros está lá no princípio de tudo para que a criação aconteça.
Claro que Eros não anda sozinho por ai, Ele é seguido por uma legião de deuses menores que são aquela multidão de cupidinhos que aparecem em cartões do dia dos namorados no século XIX.


Mas como os quatro seres primordiais não tinham nada para fazer e jogar tranca não era uma opção válida porque o baralho ainda não tinha sido inventado, eles foram fazer o que os Deuses mais gostam de fazer (e isso vale em qualquer mitologia). Foram ter filhos!

Imagine o seguinte - vc é Deus. Vc não tem companhia para sair na sexta feira a noite. Então vc gera um filho adulto e gostosão (ou gostosona) e pronto, seus problemas acabaram! E você ainda pode ter mais filhos com ele (ou ela) !!! É por isso que em todas as mitologias, quando os deuses não tem nada para fazer, principalmente quando ainda não criaram as plantas alucinógenas, é ter filhos.

Caos é o primeiro, ou a primeira, sei lá, a entrar nessa brincadeira. Ele (ou Ela, ou Isso) gera de si mesmo NIx, a Noite, e Erebo. Erebo é o escuro, sabe, o espaço vazio entre as estrelas. Erebo também é como chamam o reino de Hades. Talvez, Eles sejam o mesmo Erebo. Talvez não. Mas Nix se veste com o corpo do irmão para ser a totalidade da noite. O manto de Nix é seu irmão e marido, Érebo.

E Nix, que é a noite com tudo que a noite carrega, a primeira noite que existiu, gerou um bocado de filhos. Para começar, gerou Éter e Dia. Éter, que é o brilho de onde vivem os Deuses. Dia, que é o brilho que cerca o mundo mortal.

Mas quem gostava mesmo de ter filhos era Gaia. A primeira coisa que fez foi gerar Uranus, o céu. E a segunda foi mostrar para Urano que coisas divertidas eles podiam fazer juntos.
E ai com Urano Gaia teve as Montanhas, os Rios, o Mar, e também aqueles que seriam depois chamados de Titãs: Oceano, Coios, Crios, Hipérion, Jápeto, Thea, Rhea, Têmis, Mnemosine, Phoebe, Tétis e Cronos. E também os Ciclopes, e os Gigantes.

Ela não contava exatamente que Urano fosse gostar tanto da fruta que não fosse mais dar paz para Ela. Menos ainda que o cara fosse ligeiramente paranóico e não deixasse os filhos nascerem de medo que tomassem seu trono ou ficassem no caminho entre Ele e Ela. Assim, cada filho que tinham Ele empurrava de volta para dentro da Terra.

Gaia foi ficando injuriada com isso. E eu te digo que você não quer ver Gaia injuriada. Pensa que um tsunami é um espirro de Gaia, e que um terremoto 10 na escala é um tapinha de leve num inseto.

E foi ai que Gaia teve um filho que os outros não esperavam. Uma foice dentada.

E ai, enquanto Urano estava longe, ela olhou para aquele monte de filho e falou: "Quem é que vai por ordem nessa porra e me livrar desse safado?"

E todo mundo ficou se cagando de medo de Urano.

Menos Cronos, porque Cronos era "sangue nos zóio". Cronos pensava em curva, manja. Cronos olhava lá na frente e enquanto a gente está indo, Cronos já foi e já voltou. E Ele sacou que, dando um jeito no velho, Ele ia ser o manda chuva da bocada.

E Ele topou pegar a foice. E com a ajuda de Gaia (que como eu disse é muito gente boa até a segunda página... ), ele se escondeu e ficou esperando Urano chegar. Imagina bem, Urano, pelado, indo na maior fé para cima de Gaia e Cronos só esperando Ele chegar perto...

E zapt. Mostrou como fazer o que muito tempo depois Lorena Bobbitt faria com menos estilo.

Com as coisas do pai na mão, bateu aquele nojo. E ele jogou longe o barato enquanto gritava "ecaaaaaaaaaaaaaaaaa".

O sangue que respingou em Gaia gerou as Erínias, mais Gigantes (os três gigantes que tinham nascido antes eram gente boa, estes aqui vão ser uns filhos da puta), as Ninfas dos Freixos, e dizem que mais uma turminha...

E o sêmem que caiu na água do mar quando as coisas de urano afundaram na água, se misturou com a espuma, e gerou Afrodite. Afrodite que chegou surfando numa concha em Chipre, deixando todo mundo babando por Ela, e Eros e Desejo e toda a banca deles juntou em volta de Afrodite trazendo os tamborins, a cerveja e armando a primeira festa na praia da história do mundo. Dizem que é por isso que tem gente que acha que Afrodite é mãe de Eros, mesmo Ele sendo mais velho... mas o sentido que Ela deu para a frase "vem para mamãe, vem" não era exatamente oque as pessoas pensaram... eles são os maiores camaradas, isso sim, desde o princípio da festa... mas quando Eros fica bêbado ao invés de falar para Ela "vc é feito uma irmã para mim" ele falou "vc é feito uma mãe para mim" porque Eros não sabe beber e Afrodite sempre ajuda ele nas ressacas.

Enquanto isso, Urano, segurando o que já não estava lá, virou para Cronos e falou: "Cês tão fudido comigo".

domingo, 4 de janeiro de 2009

Mote e inspiração

trecho da "Poética" de Manuel Bandeira
(...)Abaixo os puristas.
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis(...)

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare.

- Não quero saber do lirismo que não é libertação







Ofereço gentilmente este blog a Dioniso, a Pan, a Hermes, a Baubo, aos Kuretes, a Hefesto, a Ares, a Hades e a todos os Deuses que possam rir com ele.

Ofereço gentilmente a Loki, que minhas palavras o agradem.

Que o espírito do Coiote se agrade destas coisas - e não foda com minha vida em retorno! (isso vale para lorde Hermes tbm)

Ofereço estas besteiras aos Deuses que riem, em todos os povos do mundo.

Que todos os outros Deuses façam ouvidos moucos e não se ofendam se eu eventualmente blasfemar. Não foi a inteção oh Grandes Pais!

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Proposta dessa pichorra

Já faz um bom tempo que o povo me enche o saco por causa do jeito que eu reconto mitos. Só porque o faraó chama Abraão de "mano", só porque Athena fala "Pica a mula", só porque eu conto os mitos do mesmo jeito que eu falo qualquer coisa... e ai tem palavrão, tem gíria e tem uma visão de universo bem peculiar...

E de tanto falarem resolvi tomar coragem (e perder a pouca vergonha na cara), e recontar os mitos. Mitos do mundo todo, mitos de todas as fés, mitos literários, talvez (ah, fala a verdade, você realmente acha que o Fingolfin não gritou um "vem cá fela da puta covarde chifrudo filho de uma chocadeira" quando chamou o Morgoth pro pau? o Tolkien só não teve coragem de usar as palavras exatas). Aceito sugestões, amiga.amanita@gmail.com



Vale dizer: se ofendeu com alguma coisa dita aqui? Tem um botãozinho no alto a direita, com um X. Ele serve para fechar a página. Não tenho a intenção de ofender ninguém. Mas se vc tem é chato ou xiita, sinto muito.


Ah claro. Não poderia deixar de citar que: não, eu não me inspirei nele, mas acho o maior barato o Jesus me Chicoteia. Um dia eu vou ter a bíblia sacaneada impressa e encadernada com letras douradas na capa na minha estante.