sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

A história da criação - Egípcios - parte um

Se tem uma coisa que existe em comum com o jeito como os helenos contavam a criação do mundo e os egípcios contavam a criação do mundo, é que a primeira coisa sensciente é algo que a gente não tem muita certeza se é macho, fêmea, ou o quê ou ambos ao mesmo tempo. Cara, você é um deus primordial – o gênero ainda não foi inventado, quem se importa?

Nun é essa coisa antes das coisas acontecerem, a água primordial de onde tudo vem. Nun não é o Nilo, vale lembrar. Mas se a gente fosse levar em consideração aquele comecinho de outro mito de criação - “e o espírito de deus pairava sobre as águas”, Nun é essa água toda que veio de não se sabe onde. E Nun, no auge da falta do que fazer, botou um ovo. E desse ovo dourado nasceu Ra (ou Re. Ou Aton. Ou Khepera. Ou outro dos trocentos nomes dele.).

Ra era poderoso. Poderoso para caralho. Qualquer coisa que Ra dizia, passava a existir. Ele foi falando os nomes das coisas e as coisas foram surgiram. E lembra o que eu disse no outro mito? Que o que mais os deuses gostam de fazer é ter filhos? Pois é! Advinha o que Ra foi fazer quando descobriu esse poder? Ele criou Shu, o vento. Tefnut, a umidade. Geb, a terra. Nut, o céu. E Hapi, o rio Nilo. E mais uma galerinha. E eles tiveram mais algumas dúzias de filhos.

O que deixava todos os filhos e netos de Ra no cagaço era o fato de que esse poder todo dele vinha dos nomes. E Ra tinha um nome secreto – um nome que ninguém conhecia e que deixava ele mais poderoso do que todo mundo. Ele podia descriar o mundo se tivesse vontade. Pior que destruir, descriar. E nem o capeta (que também não tinha sido ainda inventado) conseguiu arrancar de Ra qual era o nome secreto dele.

Mas só ter filhos e criar o mundo começou a deixar Ra entediado. E ele viu aquelas formiguinhas que ele tinha chamado de humanidade se matando lá no meio do deserto, com a infinita capacidade humana de fazer merda, e já que estava um tédio enorme no meio dos outros deuses, ele teve a genial idéia de ir ajudar a humanidade. Então, ele tomou uma forma humana e foi ser o primeiro faraó.

Por algumas centenas de anos, foi tudo muito bom, tudo muito bem. Só que Ra quando tomou uma forma humana ganhou de brinde o envelhecimento – e acabou que ele foi ficando mesmo velho. Veeeeelho. Ai, os egípcios olharam aquilo e começaram a achar que Ra estava ficando café com leite. Meu, quem em sã consciência confia num velho governando um país? Já disse sabiamente um velho (agora esqueci quem foi) “velho só serve para feder”. Eles só esqueceram que Ra não era um velho comum - era Ra, catso. Acharam que Ra estando velho eles podiam cagar no pau a vontade e foi aquele surubão. Mandaram as leis para as picas e viraram um bando de arruaceiros urbanos.

Ra ficou fudido da vida com aquilo. Convocou uma reunião com todos os deuses, e falou o seguinte: “Esse bando de corno que eu criei para povar a terra tão de putaria comigo. Ou vocês me dão outra idéia ou não vai sobrar um desses putos para contar a história.”

Ai Nun, que era o mais malandro velho, já mandou uns dois para cozinha fazer pipoca e trazer a cerveja. “Seguinte, Ra. Manda Sekhmet dar um jeito na negada.”

E os olhos dos outros deuses brilharam de emoção. “éééé, manda a leoa!”

Ra que já estava num mal humor daqueles olhou para a humanidade e só deu gente correndo para todo lado. Ai, do olho dele pulou Sekhmet. Sekhmet é uma deusa muito gentil. Ela primeiro te estripa e depois te pergunta. A bicha é sem noção master – ela quer ver é sangue, ela quer é fatiar gente, ela quer guerra, matança, destruição. Sekhmet joga dama com Ares no fim de semana, manja?

Ai, Ra e os outros deuses sentaram, pegaram a pipoca que Nun sabiamente tinha mandado fazer, abriram uns jarros de cerveja e ficaram assistindo enquanto a deusa leoa era a primeira Super Nanny da história.

Sekhmet fazia com as pessoas o que o Juicer Walita faz com uma mandioca. E bebia o suco. Ela testou todas as lâminas do processador de alimentos para ter mais maneiras criativas de picar seres humanos. A coisa foi tão pesada que começou a rarear a raça humana – o segundo nome da leoa é Eficiência, não ia sobrar um ser humano se ela continuasse. Depois de algumas semanas (e da pipoca ter acabado), Ra começou a ficar com pena da humanidade.

Ai ele descobriu que Sekhmet era pior que o Taz. Não parava nem com paulada na cabeça.

Ra respirou fundo, foi para a terra e armou o primeiro golpe de Boa Noite Cinderela da história. Mandou os mensageiros irem na moquia até Elephantine, uma cidade no alto do Nilo, buscar uma tinta vermelha bacanuda que se chama ocra (ou ocre). E ai convocou a mulherada de Heliopolis (e eu não tou falando da favela) e mandou fazer cerveja até o último grão de cevada que tivesse na cidade.

E então, ele misturou a tinta vermelha – que tem cor de sangue- em SETECENTOS jarros de cerveja. Vamos lá, a caixa alta não é a toa. Eu falei SETECENTOS jarros de cerveja. Não são garrafas de 600 ml, são jarros. “É cerveja pa porra” diria um sábio amigo meu.

E em um ato de sacanagem extrema (ainda que por uma boa causa), Ra colocou aquela obcenidade de cerveja bem no meio do caminho que Sekhmet ia fazer para matar mais humanos.

Imagina a leoa saltitando em seu caminho feito a chapeuzinho vermelho no bosque quando ela encontra aquele mundaréu de jarros. 700 jarros. E ela olha o primeiro – vermelhinho, vermelhinho. E ela mergulha o dedo – e parece mesmo sangue. E meeeu, estamos falando de alguém que adora beber sangue. Sekhmet sorriu, e virou o primeiro jarro. Fez aquela carinha de gato que encontrou salmão em cima da pia e virou o segundo. Lá pelo quinquagésimo jarro, ela já estava alta. O mundo era mais colorido, as pessoas eram mais simpáticas, o chão estava começando a dar sinais de vida...

Trezentos jarros depois, a gatinha já estava chamando Jesus de Genésio, Osíris de Osama, e Ra de Steve Wonder.

Depois de matar o último jarro ( o que fez a leoa receber os cumprimentos de Thor via telegrama por beber feito gente grande), ela foi daquele jeito para casa de Ra. Ra já foi acenando a bandeira branca e um engov. “Tá boazinha tá, fia?” A lenda não conta como foi que Ra conseguiu limpar a sujeira que ela fez depois de chegar daquele jeito nem quantos ml de glicose ela precisou tomar no hospital. Mas depois disso, Sekhmet sossegou de ficar matando gente e passou a se dedicar aos prazeres etílicos.

E Ra ainda estava em forma humana – e continuava envelhecendo. Mas isso eu conto depois porque a história é loooonga... No próximo capítulo, a disputa: quem é mais malaca? Ra ou Ísis?








imagem: http://hbruton.deviantart.com/


9 comentários:

  1. Sekhmet joga dama com Ares no fim de semana, manja?

    Não quero estar perto quando um perder...

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  2. Sarah... Car(ro-de-)alho! Muito bom...
    1- Sekhmet fazia com as pessoas o que o Juicer Walita faz com uma mandioca.

    2- Ra respirou fundo, foi para a terra e armou o primeiro golpe de Boa Noite Cinderela da história.

    3- E ai convocou a mulherada de Heliopolis (e eu não tou falando da favela)

    Curti muito mew... Botou pra quebrar rss

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  3. Eu quase acordei as pessoas de casa com a primeira Super Nanny da história.

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  4. Foi o poeta Mario Quintana em suas grandes sacadas de humor negro que proferiu a frase "velho só serve para feder", e ele já era bem velhinho quando derramou a sentença.

    Pois bem, se Rá, criava pela palavra, ele foi o primeiro poeta da existência.

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  5. Faço minhas as palavras de David Hasselhoff
    em 'American Idol':
    AWESOME! AWESOME!

    :D

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  6. este texto esta um lixo nem tudo q esta escrito e verdade e essa sarah helena fala de um jeito ridiculo sobre esse mito

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  7. nem tudo q ela escreveu e verdade quer fazer graça mas escrever de ler direito

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  8. Oi Tutmosis. Desculpa por não ter respondido antes, mas eu andei correndo pela floresta com os sátiros, então acabei tendo problemas para acertar o caminho até o teclado e escrever aqui.

    Todos os mitos tem diversas versões. E não, não manjo de egípcios do mesmo modo que manjo de gregos, que posso te dar detalhes dos textos analisando os mitos, mas não diga que eu falei inverdades - fiz uma boa pesquisa, e aliás, por ser bem chato encontrar bons sites sobre mitos egípcios, também pesquisei em livros.

    O que eu escolhi foi uma versão entre muitas. Claro - eu não estou fazendo uma análise profunda, só recontando.

    Esse blog nasceu porque eu falo desses jeito. E as pessoas costumam se interessar e ir atrás, sabe, de versões mais ortodoxas dos mitos. Eu só aponto algumas coisas, permitindo que as pessoas que tiverem interesse possam conhecer os mitos de um modo menos pedante.

    E te convido, Tutmosis, se estiver nervoso, a ir fazer como o sátiro, como recomendado... vamos todos, se for o caso. É bom, melhora o humor e os egípcios já usavam também que eu sei...

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